Brompton M6L

Já aqui falei na minha aquisição há uns tempos. Sempre considerei as bicicletas dobráveis, como um excelente complemento para a mobilidade numa cidade como Lisboa – principalmente para quem não vive no centro. Poder articular a bicicleta com os transportes colectivos, ou mesmo com o automóvel, é algo que aumenta as nossas opções de mobilidade. Embora uma bicicleta normal possa ser transportada num automóvel,  ou no combóio, nem sempre esta é a solução mais conveniente, ou mesmo possível. Se falarmos em autocarros, então as carreiras que o permitem fazer, são mesmo muito reduzidas. Nesse aspecto, uma bicicleta dobrável é mesmo a melhor solução.

Neste video promocional da Transport for London, uma Brompton é a estrela:

Há uns anos, comprou-se cá para casa uma Mobiky – excelente num aspecto (abre e fecha-se quase instantaniamente), mas perdia em muitos outros (pesada, pouco eficiente para deslocações um pouco mais compridas, etc). Resolvi começar a investigar qual a bicicleta que melhor a substituiria. Olhei para a oferta de mercado, e as opções são hoje imensas. E há para todas as carteiras – por pouco mais de 100€ já se compra uma, mas sinceramente não recomendo. Há bastantes opções válidas, desde as Hoptown da Decathlon, às Dahon, passando por tantas outras, mas a minha escolha acabou por recair na Brompton.

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Há quem as considere muito caras, mas é daqueles casos em que se “tem aquilo que se paga”. Queria uma bicicleta que permitisse ser transportada dentro do autocarro, de um maneira fácil e sem incomodar terceiros; que permitisse pedalar distâncias mais consideráveis sem problemas; fiável e robusta. E sinceramente, com estas características, as opções começam a escassear.

Uma das grandes falhas da maioria das bicicletas disponíveis no mercado, é o seu tamanho quando fechadas. Na realidade, continuam a ser muito volumosas para transportar num autocarro se o mesmo for relativamente cheio. E as que são compactas, acabam por ter o comportamento comprometido quando se anda nelas.

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Depois a questão da fiabilidade – os relatos que se podem ler pela net fora, de problemas com bicicletas dobráveis, são muitos. Devido às articulações, é mais difícil manter a solidez como numa bicicleta convencional. Soma-se a isto o facto de muitas marcas, mudarem os modelos com alguma frequência, e não garantirem peças para os modelos descontinuados – enquanto isto pode não ser problemático em bicicletas comuns, onde a standardização reina, nas dobráveis muitas das peças são específicas desses modelos. Gastar algumas centenas de euros numa bicicleta, e passado 5 anos ter um azar e a mesma ir para o lixo, não era uma ideia que me agradasse muito. Além disso, a Brompton tem provado ao longo dos anos a sua robustez ao ser usada por viajantes, em condições adversas, e apesar de  sujeitas a um tratamento muito duro, aguentam mais do que seria de esperar.

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A Brompton começou há mais de 30 anos. Foi o resultado de um processo de criação por parte do seu autor, simplesmente fascinante. Um jovem engenheiro, que nos anos 70, não contente com a oferta de bicicletas dobráveis que havia, resolveu lançar mãos à obra e criar algo de raiz:

“Wouldn’t it be wonderful if you had a bike which went with you wherever you go?”
Andrew Ritchie, 1973
.

Foi um percurso atribulado, até chegar ao modelo actual, que se tornou um ícone identificável por todo o mundo – há muitas bicicletas dobráveis, e depois há a Brompton. Fabricada em Londres, Inglaterra, o resultado é um objecto robusto, fiável, onde tudo funciona de um modo supreendente. Ao longo destes anos todos, a bicicleta foi sofrendo ligeiras alterações, algumas quase imperceptíveis – mas sempre evoluindo e melhorando até um ponto em que os modelos de há 20 anos, são muito parecidos, mas completamente diferentes dos actuais. No entanto, a marca mantém o compromisso de reparar as bicicletas seja qual fôr o ano delas, fabricando as peças necessárias para manter a compatibilidade – muita gente que enviou a sua Brompton para a fábrica, viu a bicicleta regressar com inúmeras melhorias, para além da reparação necessária. A história da marca pode ser lida na página oficial da marca, e para os entusiastas das bicicletas (ou da engenharia e do design), recomendo a leitura do livro do David Henshaw.

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Para quem pense comprar uma Brompton, ficará assoberbado com as inúmeras opções disponíveis. A base é uma só, mas podemos escolher muitos pormenores, que se reflectem no fim em performances, pesos, e claro está, preços diferentes. Na página oficial, podemos conhecer melhor estas opções no “Bike Explorer“, e na página do importador podemos descarregar os catálogos em Português, bem como as tabelas de preços e até um útil configurador em formato Excel, para sabermos em quanto fica a nossa configuração.

A bicicleta pode vir com 225 esquemas de côr diferentes, e se ainda não sabem qual escolher, recomendo esta útil ferramenta da loja nova iorquina NYCeWheels (aliás, aproveitem, e experimentem o “video based bike builder“, onde vão configurando a vossa Brompton com a ajuda de videos explicativos das diferentes opções e extras).

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A minha escolha recaíu numa M6L – guiador tipo M, 6 velocidades (com uma redução no rácio de 12%), e com guarda-lamas (L). Se nos modelos mais antigos, as 6 velocidades não faziam muito sentido (experimentei uma em Barcelona, e pude constatar isso – pouca diferença fazia do modelo de 3 velocidades), com o novo cubo traseiro “wide range”, a bicicleta ganha muita versatilidade – principalmente quando queremos fazer uma subida mais puxada, e queremos chegar lá acima sem estarmos suados! Com um rácio de mais de 300%, este sistema rivaliza com uma cassete traseira de montanha com 11-34 dentes.

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Não querendo entrar em mais tecnicismos, deixem-me apenas dizer-vos que a bicicleta é altamente eficaz. Os travões não sendo potentíssimos, cumprem bem a sua função. As pequenas rodas de 16 polegadas saem prejudicadas em pisos mais irregulares, embora o conforto se mantenha graças a dois aspectos – um quadro em aço, que absorve as irregularidades muito melhor do que o alumínio da maioria das bicicletas dobráveis, e um inteligente sistema de suspensão integrado na articulação traseira. A vantagem do pequeno diâmetro das rodas, reflecte-se numa aceleração fantástica e numa manobrabilidade ímpar em circuito urbano. Da primeira vez que experimentamos uma bicicleta destas, a sensação de instabilidade deve-se não só ao tamanho das rodas, mas à ausência de avanço do guiador – é uma condução mais directa, mas habituamo-nos rapidamente.

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Se necessitamos de transportar alguma coisa, a Brompton tem várias opções: ou escolhendo o suporte de carga traseiro, ou escolhendo uma das várias opções para colocar na frente da bicicleta. Não me vou alongar mais neste assunto, pois em breve farei um artigo dedicado apenas a isto.

Abrir e fechar a bicicleta é um processo que, para quem nunca o experimentou pode parecer complexo, mas na realidade, num instante estamos a conseguir fazê-lo de um modo rápido e sem grande esforço. Com a prática, qualquer pessoa dobra a bicicleta em menos de 20s, e os mais jeitosos, em menos de 10s. Aqui fica o video do criador a demonstrar como se faz:

Por esta altura já todos perceberam que eu fiquei fascinado com esta pequena maravilha… Tal como eu, muita gente tem ficado fã da Brompton, e é interessante ver a quantidade de pessoas que tendo optado por comprar outra dobrável, mais tarde acaba por comprar a Brompton na mesma. Will Self é um escritor e jornalista Inglês, que tão bem relata  neste artigo, como se “apaixonou” por esta bicicleta.
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Há muito mais a dizer sobre a Brompton, e para quem ficou com curiosidade, basta seguir alguns dos links que aqui coloquei, para  ficar a conhecer melhor esta máquina.

EDIT: o “Paulofski” partilhou no seu blog, este video em “directo”, na fábrica da Brompton

5 Respostas a “Brompton M6L

  1. […] Num dos meus zappings televisivos nocturnos calhou de ver no Discovery Channel o programa “How it’s made” como se faz uma dessas bicicletas desdobráveis. Se bem me lembro a minha primeira bicla, uma Orbita verde bisga, era um modelo protótipo das desdobráveis de hoje. Após um download à má fila, o corte e cose do episódio 8 da série 15 e respectiva edição no tio Youtube, aqui têm à vossa disposição como se faz uma Brompton. […]

  2. […] numa Mobiky Genius 12.  Entretanto as necessidades ciclísticas apontaram noutra direcção, e a Brompton surgiu como a escolha […]

  3. […] coisa, nem pensar em voltar a levar mochila ou outra coisa agarrada ao corpo! Quando comprei a Brompton, a questão que logo se colocou foi “como levar bagagem nesta bicicleta?” Procurei, li […]

  4. […] com o apoio da Mega Aventura, Brompton Portugal e ArtChiado, em que será oferecida uma bicicleta dobrável Brompton à ideia mais criativa que demostre que as nossas cidades são […]

  5. […] como o Mini, a Brompton já atingiu um estatuto de ícone do design Britânico. Falo do Mini original, que este aqui de […]

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