Velo-city Sevilha 2011 – o rescaldo

Já faz mais de uma semana que regressei, mas a disponibilidade para fazer o relato não foi a maior… Foi uma viagem curta, sem grandes oportunidades de visitar a cidade,  a não ser à noite. Quanto ao evento, gostei bastante do que vi e ouvi. Nada de fantástico ou extremamente inovador, mas no cômputo geral, foi bom. Uma boa oportunidade para ouvir novos pontos de vista e novas argumentações. Estive na conferência como representante da FPCUB, e neste âmbito, foi também uma boa oportunidade de estabelecer contactos e debater ideias.

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A conferência teve como mestre de cerimónias, Guillermo Peñalosa – já tinha tido o prazer de ouvir a sua fantástica apresentação no 8º Congresso Ibérico, e recomendo vivamente a quem ainda não o fez, que um dia destes tire uma horita para o fazer. Durante os plenários, as intervenções de Peñalosa tinham como base, grande parte dos conteúdos da sua apresentação – embora muito bem inseridos no tema de cada um, e com algumas novidades.

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Recomendo que visitem a página do evento, onde podem saber um pouco mais sobre as apresentações que foram feitas, e sobre os oradores.

Francesca Racioppi e Enrique Jacoby, no plenário sobre a bicicleta como agente para cidades mais saudáveis.
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Para mim, este foi um dos plenários mais interessantes, onde Lynn Sloman e Francesco Tonnucci cativaram a audiência com o tema. Já comprei o livro de Sloman há uns meses (está em fila de espera), que promete ser uma leitura interessantíssima. Espreitem também o trabalho de Tonnucci, na promoção de cidades para as crianças.
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Não assisti ao 3º plenário, mas o último foi também interessante. Joaquín Nieto falou sobre o potêncial económico para as cidades que investem na bicicleta. Já Kayemba Patrick, falou de uma realidade muito diferente da nossa. No Ruanda, as pessoas não andam de bicicleta porque é mais saudável ou porque polui menos; a falta de infraestruturas também não é “O” problema – na maior parte dos casos, nem têm infraestruturas decentes para o automóvel. O problema maior é a pobreza, pois a maior parte das pessoas nem sequer consegue comprar uma bicicleta. A mesma pode fazer toda a diferença na subsistência das populações..

Já falei antes da apresentação sobre a cidade de Munique. Outra apresentação que suscitou muito o meu interesse, foi sobre mulheres e bicicletas, onde duas realidades bastante distintas foram confrontadas: Dinamarca e África do Sul. Moderada por Doretta Vincini, que aproveitou para falar da sua experiência em Itália, onde tem desafiado os seus alunos de moda, a criar roupas específicas para andar de bicicleta. Marie Kastrup falou sobre a mulher de bicicleta, como um ícone da Dinamarca, completamente entrosada na cultura do país. Gail Jennings, mostrou o quão diferentes são os problemas deles por lá: dizer que há poucas mulheres a pedalar é apenas a ponta do iceberg – as mulheres que ousam pedalar na África do Sul, correm sérios riscos sociais e familiares. Mitos como “andar de bicicleta impede-as de ter filhos”, são comuns – falar de Cycle Chic por lá não faz sentido.
No final, perguntei à Marie, como é que as mulheres na Dinamarca, encaravam o blog Copenhagen Cycle Chic… ela conhecia, mas disse-me logo que por lá o blog não tem muita expressão, pois é algo tão natural para eles, que aquelas fotos, para além de serem belas imagens, são algo banalíssimo. Como o Mikael costuma dizer de um modo sarcástico, para os amigos dele dinamarqueses, faz tanto sentido falar de bicicletas como de aspiradores. Perguntei também à Doretta, qual o sentido de criar roupas específicas para andar de bicicleta, quando ninguém cria roupas específicas para andar de automóvel ou a pé.
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Nas workshops, assisti a uma muito interessante, sobre um projecto holandês chamado Twitter Bike. Também se falou sobre capacetes numa outra workshop, e a apresentação feita por uma médica alemã, mostrou mais uma vez, que os benefícios da sua utilização não são assim tão óbvios como muitos julgam – e que o assunto está longe de ser consensual (embora a maioria dos presentes fosse contra a sua obrigatoriedade). Na sequência deste debate e de conversas que tive com os representantes da ECF, fui convidado a integrar o grupo de discussão dedicado ao tema, como representante da FPCUB. Gostaram da ideia que tive de criar a página no Facebook, de apoio à campanha deles.

A Câmara Municipal de Lisboa também esteve presente, e apresentou numa mesa redonda, o que tem sido feito na nossa cidade. Igualmente, também o projecto LifeCycle em Aveiro foi apresentado, tendo sido a estreia do pequeno video que há uns dias mostrei.

Com quase 1000 participantes, e com a grande maioria a deslocar-se de bicicleta, à entrada do evento esta era a vista que se tinha:

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Para além dos plenários, apresentações, workshops, etc, havia uma zona de exposições. Maioritariamente ocupada por empresas a promover estacionamentos para bicicletas (dos mais variados tipos) ou sistemas de bicicletas de uso partilhado, estavam também presentes várias associações, e outras entidades relacionadas com o universo das bicicletas.
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De todos os sistemas, este foi o que me chamou mais à atenção – não tanto pelo sistema em si, mas pelas fantásticas bicicletas Batavus BuB – não é de estranhar que já tenham ganho alguns prémios de design, incluindo um IF Award.
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Por agora é tudo, mas ainda haverá mais.
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Uma resposta a “Velo-city Sevilha 2011 – o rescaldo

  1. MCarlos diz:

    Espero que os haya gustado nuestra ciudad… Volved cuando queráis, seréis bien recibidos como siempre… Saludos desde Sevilla.

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